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A mostrar mensagens de 2020

Desabafo natalício

 Adorava fazer calendários do advento giros e diferentes e artesanais, e não vou dizer que me falta tempo, que tempo eu acho que se arranja sempre, mas a pressão das mil coisas em que me meto, entre trabalho, freelancers, apresentações extra, trabalho extra do voluntariado e o voluntariado, aulas, trabalhos das aulas, lida da casa que não tenho uma "Senhora que ajuda cá em casa", com o tempo que me sobra só me apetecer não pensar em nada, comprar prendas de natal pela internet, abraçar o meu namorados e ver séries light.

É isso, todos os dias.

 Li, ou ouvi recentemente, sim, acho que foi isso, num podcast qualquer, que há pessoas que nos marcam para sempre, e que isso estará relacionado com referenciais vários, entre outros, alguns da área da dinâmica, o que me faz tremer um pouco os olhos de nervoso. Mas o verdadeiramente interessante foi a terapeuta (psicológa? psiquiatra? ) ter referido que na terapia o que aconteceu não é o ultrapassar dessas questões, que isso é um mito e que não acontece, mas é o aprender a viver com elas. 

É uma maldição isto de sentir e escrever

Gostava de, por uma vez, não procurar e ser encontrada, De uma palavra contida, que sairá a rojo, impulsivamente.  De, ao folhear livros desinteressadamente,  descobrir Cartas não enviadas e declarações insuspeitas.  Gostava do sopro dramático de um insight amigo, Daqueles que só acontecem em filmes.  Gostava de, por um dia, por uma hora, por um milésimo de segundo Não estar tão estupidamente consciente, Tão criteriosamente civilizada Tão com medo do ridículo, a toda a hora.  Ser arrebatada, roubada, abduzida, Encapsulada e amada assim loucamente. 

Definição de escritor

 Para mim sempre foi uma vontade incontrolável de contar histórias porque sinto as palavras a transbordarem  e a saírem em jorro sem controle.  Percebi hoje (assim a um nível mais racional) que para a grande maioria das pessoas é escreverem algo e que os "outros" dêem "feedback "  Ok.

Miúdos

 1- Há dias e entrando de máscara numa pastelaria perto de casa, uma menina com os seus 6 anos veio convictamente meter-se comigo "Tu és a nãoseiquantas do tik tok?". Eu respondi que não e ela ficou desiludida, mas continuou a falar comigo, desafiante "Sabes o que é o tik tok?".   Já posso morrer feliz, fui confundida com uma celebridade para crianças. 2- Hoje, no metro, na minha carruagem vinham dois miúdos entre os 5 e os 7 anos, com as mochilas, prontos para irem para as aulas.  No momento em que pará na estação onde ambos saíem, batem as palmas duas vezes em uníssono e as portas abrem-se.  Se isto não é magia, não sei o que será. 

Realidades paralelas

 Eu, eu era só eu. Sem promessas, sem sonhos, sem futuro. Com dúvidas, angústias,  mil defeitos e mau génio.  Tu... tu és a guarida, o riso, o horizonte e a segurança.  Com optimismo, segurança e fé.  Dás-lhe a força, o ânimo e amor. Eu não sei o que dava. Eu era o mistério da noite, tu és a claridade do dia. Sempre preferi o mundo luminoso. Como toda a gente.

Do que nos leva

Uma vez, numa viagem a duas, uma amiga gritava-me, em lágrimas, que o que mais se recordava do pai, era ele ter-lhe dito que podiam tirar-lhe tudo, mas que o conhecimento e as aprendizagens que fazia, não. Vou fazer um doutoramento. Com todos os gastos que isso implica (não não tenho bolsas, nem ajudas e ganho menos que o salário médio nacional, com todas as despesas normais de uma pessoa que não tem outros rendimentos ou pais ricos). Como todo o tempo que ocupa (continuo a ter o meu trabalho full-time, a morar a 1 hora e meia de distância do trabalho, de transportes, e a tentar  ter vida social de vez em quando). Com tudo o que não me vai dar (não irei ganhar mais, não subirei de posto hierárquico, não irei ser reconhecida de nenhuma maneira - nem isso me é relevante). Vou aprender muito. E estou maravilhada com esse desafio. Nota-se que há frases que nos ficam coladas aos ossos e impressas no cérebro, não é?

Amor não correspondido

Confesso que às vezes não sei se é melhor tê-lo vivido ou não saber o que isso é. Mas se pensar bem, é como aprender a andar de bicicleta e ter medo de cair. É ter caído e voltar a tentar. Se nunca cairmos vamos sempre ter medo de cair. Sem saber se voltariamos a tentar.

Não parece, mas é uma ode aos artistas

Só nos livros, nas canções, na poesia e na pintura o amor eterno e intenso, tantas vezes não recíproco, nos deixa maravilhados e até ligeiramente invejosos. Na vida real desconfiamos dele. Olhamos para as pessoas que o carregam como loucas, obcecadas. Achamos que não arrumaram caixotes. Ou gavetas. Que não ultrapassaram. Que não cresceram. Olhamos para essas pessoas com pena. Como se não soubessem alguma coisa. Como se lhes faltassem uma peça de puzzle. Achamos que são desenquadradas, doentes, até hostis ou perigosas. Que são perseguidores, que podem, basta a balança oscilar e desequilibrar-se, ter uma acção insensata, dramática, não enquadrada nas normas. Podem de repente mostrar o que sentem. Que rídiculo. Censuram. Estas pessoas não são civilizadas. Provavelmente deviam ir a um psicólogo. Dizem. O amor não pode ser isto. Pensam. Estão quebradas. Sussurram.  "Vêm, tu, que estás despreparado. Este chama é perigosa, repetitiva, violenta. Não é domável ou vergada. Vêm.  Acima

Cristalizados

Olho o espelho. Tenho menos rugas, Um sorriso mais brilhante. Menos calma. Menos auto estima. Mais inocência. Menos confiança em mim. Menos convicção. Menos força.Tantas e tantas dores, desânimos, pancadas da vida que não tinham ainda passado por mim. Tantas e tantas alegrias, tanto sobre mim que só descobriria depois: a resilência, a força, o amor, algum equilíbrio.  Quem sou eu agora, em comparação com quem vejo ao espelho? Olho o teu espelho. Menos rugas, menos charme. Menos alegria? Menos sonhos? Mais desânimo? Menos forte? Menos fraco? Menos? Mais? Que características são as tuas agora? Perguntas, perguntas, interrogações. Sem resposta. Mas não ficámos presos e cristalizados.