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=(

Este post que tem tanto a ver comigo.

Obrigada por escreveres assim Izzie.

The Lucifer Effect

E depois há os que agridem escolhem agredir porque podem. Simplesmente por isso. E isso do "poder" não corresponde, tão somente, ao escolher fazê-lo porque acordaram para aí virados. Nem toda a gente, mesmo querendo, pode escolher agir livremente de determinada forma. Os que agridem porque podem são aqueles que nasceram, ou encalharam, ou se movimentam num determinado círculo - familiar, social alargado ou mais restrito, profissional, sei lá - onde certas condutas não só não são censuradas ou reprimidas, como são entendidas como manifestação de superioridade, e exaltadas. É assim mesmo. Ou és caçador ou és a caça, that's how they roll. Escolhem agredir porque podem, e podem porque - já o sabem à partida - o acto não traz quaisquer consequências nefastas. E depois, claro, há milhentas graduações. Desde o sociopata puro que, ao comando de uma empresa, afirma sem vergonha que paga o menos possível a quem para si trabalha, ou aqueloutro que comercializa um medicamento que é a diferença entre a vida é a morte para tantos, mas hélas, o mercado manda, e vamos de o aumentar para preços incomportáveis. Passando pelo cão de fila que não é mais que um poodle, mas não perde oportunidade de mostrar os dentinhos e latir esganiçado, pensando que com isso alcança algum estatuto melhor que o mero bicho de estimação - good dog!, you good dog! - não tendo a inteligência de perceber que nunca passará do colo ou da porta de entrada, um capacho conveniente. E depois há o resto. Os deslumbrados com os olhares de receio, e que acumulam endorfinas cada vez que põem alguém na ordem, a nu, no seu lugar. Os que fazem claque, tão parecidos com os poodles, os bobos, e até os espectadores silenciosos. Tomar consciência do que nos motiva, reflectir, ter a coragem de dizer não, isso é que era. Mas dá tanto trabalho, nenhum homem é uma ilha, e correr o risco de ser segregado ou, pior, passar a linha ser empurrado para o lado dos agredidos, isso é que não.


Hoje só preciso mesmo de chorar mais um bocado.
E tentar acreditar que não há nada de errado comigo. 

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