Vou sentada no autocarro como todas as manhãs. Todas menos naquelas em que vou a pé. São apenas 35 minutos a pé, por isso faço-o algumas vezes. Mas por norma vou de autocarro. São cerca de 12 minutos de autocarro. Pouco, muito pouco. Tão pouco que muitas vezes nem pego no livro que levo e entretenho-me com os jogos das frutinhas no telemóvel. Mas nas restantes vou a ler. E perco-me do mundo quando o faço.
"Desculpe."
Levanto os olhos e é um funcionário da Carris que quer o meu passe para certificar-se que tenho bilhete pago, que passei na maquineta na entrada, que está tudo bem.
"Desculpe", volta a dizer.
Passo-lhe o passe, e noto uma aura respeitosa. Olho em volta e percebo que não diz "Desculpe" a mais ninguém. Nem aos distaídos a olhar à janela. Nem os que espreitam o telemóvel.
Um livro ainda é sagrado.
"Desculpe."
Levanto os olhos e é um funcionário da Carris que quer o meu passe para certificar-se que tenho bilhete pago, que passei na maquineta na entrada, que está tudo bem.
"Desculpe", volta a dizer.
Passo-lhe o passe, e noto uma aura respeitosa. Olho em volta e percebo que não diz "Desculpe" a mais ninguém. Nem aos distaídos a olhar à janela. Nem os que espreitam o telemóvel.
Um livro ainda é sagrado.
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