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Intermitências

Há quem nasça a ser esperto, a perceber as voltas que há-de dar para se safar. Aqueles que mormente ou não lá se safam. Com planos definidos ou não. Talvez haja consciência disso ou não. "O mundo é dos espertos", já me disseram tantas vezes. Mas eu não sou "esperta". Continua a chocar-me, hoje, como há 10 anos a injustiça, a falsidade, a mesquinhez. Simplesmente agora já não choro, já não sofro horrores com a "maldade" humana. Aprendi a entender que faz parte da humanidade, essas coisinhas, essas fraquezas. Aprende até a compreender, a não dar tanto valor. A ver os cinzentos. Mas choca-me. No fundo de mim ainda há uma criança que arregala os olhos porque não é suposto o Pai Natal arrebentar o balão. Por isso, eu percebo tudo tudo tudo. Não me peçam é para fazer parte disso.



"Assim não ficas cá muito tempo". Eu fico, os melhores é que, infelizmente, vão à frente. Os espertos safam-se, os bons morrem primeiro.... Eu faço parte de uma espécie menor ali no meio que nem se safa nem morre, aguenta-se portanto.

"Não penses que mudas o mundo". Alguma vez... o mundo é que tá lixado porque não me muda a mim.

Eu adoro ser eu, mas às vezes canso-me a mim própria.

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