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Frugalidade

Sempre fui uma pessoa muito consciente dos meus gastos e das minha poupanças. Nunca, mas nunca gastei mais do que o que tinha e sempre tentei precaver-me poupando o mais possível. Isto não significa que não usufrui dos prazeres da vida ou que tenho uma poupança enorme. Significa que se por exemplo comprava bilhetes para ir a um concerto não poderia comprar roupa nesse mês ou que teria que ter mais cuidado com almoçar ou jantar fora por exemplo. Mas sempre consegui poupar uma percentagem agradável do que ganhava, pagar as minhas despesas e ainda me sobrar para andar confortável (não à vontadinha mas confortável).

Agora isso mudou um pouco. Tenho mais despesas  do que antes de morar junta (renda da casa, supermercado, água, luz, gás, tv cabo) e menos rendimento (ganho menos do que no meu anterior trabalho). Estas duas variáveis combinadas (porque já vivia junta com um ordenado melhor) tornam a coisa complicada. Não digo trágica porque felizmente continuo a ter o suficiente para as despesas e com dois pequenos luxos, ginasio low cost a 28 euros por mês + 30 euros de gasolina e portagens para conseguir ir fazer duas vezes por mês o voluntariado que faço há mais de 10 anos (sou louca eu sei) e ainda consigo colocar uma quantia pequena de lado (para seguros que pago anualmente) mas é só. Fico mesmo com muito pouco para nem que seja os cafés ou um jantar fora. Basta uma despesa qualquer extra não esperada para não ser possível. E muito menos dinheiro para férias (estou com uma bolsa, portanto sem subsidios de férias nem de Natal)

Este post não é para me queixar de todo. O post está colocado assim por uma questão de transparência e por achar que o dinheiro não é um tabu. Estou contente deter voltado a ter trabalho e estar em algo que me motiva, mas esta parte é complicada.

Não tenho problemas com a frugalidade, sempre tive que ser, mas é complicado gerir os pequenos prazeres da vida e especialmente a ideia de férias ou a ideia de prendas de Natal (gosto muito de dar prendas de Natal). Não tem a ver com a ideia de não ser feliz com menos. Eu sempre fui feliz com menos. Tem a ver com parecer limitar-me estar com amigos (acaba sempre por ser almoços ou jantares, ou copos numa esplanada, ou algo do género) e saber que nao o posso fazer com descontracção.  E é isso que me angustia um bocadinho.


Comentários

Anónimo disse…
Há pouco tempo disse isso e repito: admiro as pessoas que conseguem seguir o seu caminho, o seu curso, a sua carreira e ainda pagarem as tuas contas. Com tanto trabalho, com tantas emoções, com tantos desafios, admira-me que uma pessoa continue intacta a fazer o que é correto (não que outro estilo de vida seja errado, mas acho que entendem o que quero dizer) e a crescer e ainda a desenvolver-se.
Obrigada pelo teu exemplo. Faz-me bem ler o que escreves e mata alguma saudade.
Beijinho
Paula
Espiral disse…
Ehehe, eu sempre tive a ideia que trabalhar e conseguir pagar as próprias contas seria o mínimo, e depois, tentar outras coisas.

A minha vida aos 31 anos não é propriamente o que eu esperava que fosse, mas é o que é. Há dias é que custa um bocadinho mais =).

Eu admiro as pessoas que tendo muito muito menos, conseguem ter alegria, para si e para os outros. Essa generosidade assombra-me e faz-me sentir pequenina.

Beijinhos =)
paula milani disse…
Acaba por ser assustador como as "cabeças" das pessoas variam e como cada pessoa é única. Antes não acreditava muito, mas hoje ja vejo que é possível mudar a nossa maneira de ser e pensar e isso depende das nossas experiências e de uma série de fatores que ainda não consigo ver de forma organizada.
De qualquer forma é bonito essa disciplina e essa força e dá muito trabalho.
Bj
Paula

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