"...Na estrada um homem vem ao seu encontro. Aquele que ela esperava encontrar. Plena de alegria diz-lhe e repete-lhe que não saiu senão por causa dele. Tem razão, se quisermos. Quem não trás em si uma parcela de poeira, de pátria, de uma suave noite de Primavera? Esquece a razão que a levou a sair de casa, apenas as pernas se lembram disso. Vão caminhando os dois, caminham juntos, ele e ela, e quanto mais se afastam mais gente encontram. E como ela ama o companheiro de todo o seu coração, as pernas afligem-se seriamente. No entanto, vão-na levando sempre mais longe; têm dificuldades em acompanhar-se um ao outro. E eis que a estrada conduz a um certo espaço onde parece passar menos gente. Ali seria possível segredar qualquer coisa e lançar um olhar para a retaguarda. (...) E aconteça o que acontecer isso não pode ter nenhuma importância, pois um "eu sou tu" os une por todos os laços imagináveis neste mundo e burila, jovem, orgulhoso, e lasso, perfil sobre perfil, em medalhão."
(Salvo-Conduto, Boris Pasternak)
(Salvo-Conduto, Boris Pasternak)
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