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Eu gosto do que gosto II

Enquanto vou comendo a caixa de bombons frutos do mar do lidl vou lendo post, noticias e artigos no facebook acerca da morte de Saramago.

Em relação ao gosto pessoal de cada um, de gostarem dele ou não enquanto pessoa, de gostarem ou não da escrita dele, de dizerem que foi enxovalhado ou não, que era idolatrado, que era bom porque era comunista, que era mau porque era comunista, que já era velho, que não merecia morrer, que só gostavam dele porque dizia mal da igreja, que era horrível porque dizia mal, quero lá saber, é só opiniões, batalhas de egos, metade das pessoas nem o leram, outra grande maioria nem o conheceu, portanto é tudo opinião pessoal vale o que vale, e fica tudo contentinho por expressar a sua opinião. E ainda bem que isto é um país democrático.

O que já me faz um bocadinho de confusão é as bocas do "ah, ninguém liga a morte de uma pessoa importante culturalmente, e depois se fosse o Ronaldo estava toda a gente a chorar, é o país que temos".

Ora bem, não percebo bem o ponto de vista destes senhores e acho-os no mínimo tacanhos.

Ponto 1: Tanto a literatura como o desporto são cultura portanto não vejo desprimor em gostar de uma coisa e de outra. Eu, pessoalmente, gosto das duas.

Ponto 2: Do mesmo modo que Saramago levou o nome do nosso país mais longe também grandes jogadores de futebol levaram. Acho-os igualmente motivo de orgulho sem desprimor para um ou para outro.

Ponto 3: Tanto Saramago como Cristiano Ronaldo têm pontos em comum: vêm de famílias humildes e tiveram que conseguir o sucesso que alcançaram através do seu próprio esforço. Porque nem um nem outro tiveram apenas talento. (Ide ver documentários sobre o Cristiano Ronaldo: Gostava de saber quantos de vocês iriam mais cedo trabalhar e sairiam mais tarde para fazer o melhor possível, ou iriam trabalhar nos feriados, ou quando o vosso chefe vós dissesse "vocês nunca vão conseguir ser bons na área x", se arregaçavam as mangas e mostravam-lhe que estava enganado.)


Eu admiro sempre e qualquer pessoa que consegue as coisas com o seu próprio esforço, especialmente se não tiveram as vantagens óbvias de status social ou monetário.

Por isso um brinde, não só ao José Saramago, mas também a todos os que tornam este país à beira mar plantado um país reconhecido, não só lá fora, mas principalmente por nós Portugueses.

E tenham vergonha.

Espiral

Comentários

Dorushka disse…
Concordo plenamente. Clap! Clap! Clap!
Espiral disse…
Dorushka,

Obrigada =)
paula milani disse…
Nice post! =)

Em relação ao Saramago, sem dúvida, distinguiu-se pelo facto de ser excêntrico e por ter o hábito de chocar. Pessoalmente, não me identifico com a sua forma de ser, mas acho-o uma figura sábia e até havia alguma razão nas suas análises.

Quanto ao Ronaldo, é um grande exemplo pelo seu esforço, isso nem se questiona. E já se sabe que o país só vai para frente se cada um fizer a sua parte.

Quanto a cultura, acho bem o desporto, que nos une, acho bem a literatura que gera reconhecimento pelas conquistas passadas de Portugal. Mas também acho que se deveria investir mais nas artes e dar mais oportunidades aos jovens nesse sentido.

E, dando um pouco a opinião de estrangeira, sobre levar o país mais adiente, acho que falta um pouco a coregem e o incentivo ao empreendedorismo.

Quanto aos que são reconhecidos por outros factores para além do esforço.... Não permanecem nas suas funções muito tempo se não tiverem o que é preciso... Acho eu...

Muac!
Espiral disse…
Paula,

Tens razão, a arte em geral também é super importante, mas neste caso só referi a literatura que é uma forma de arte, porque era o que interessava no tema.

E tens razão, por mim falo, falta-nos um bocadinho de coragem de tentar coisas. Mas acho que se cada um tentar um bocadinho =)

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