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A questão

O problema é que a memória é lixada. E muitas vezes ao seguir em frente, o momento decisivo é quando percebemos que já não é como era. E dá um medo enorme. De esquecer. De esquecer, não necessariamente  os gestos, a pessoa, o que tinham. Esse lado, mais racional, mais óbvio, mais efectivo pode ficar, pelo menos fica mais tempo, com maior ou menor grau de memórias falsas. O que me dá medo, um medo enorme é esquecer-me da importância. Da potência da dor. Do alcance da amizade. Da força do envolvimento. Do que nós sacode a alma e nos agita cá dentro. Do que nos faz apetecer vomitar e cantar ao mesmo tempo. Do que nós dá prazer e angústia. Do puro, bonito e transcendente que pode ser um sentimento. Simples assim.

Deve ser por isso que fantasio tanto. Que tenho lutos longos. Que perduro. Porque o do que é feito o amor devia durar para sempre. Mesmo que o resto não dure. E dá um medo enorme perder o que fica em nós. Porque perde-se sempre. Porque para seguir em frente, fica a lição, o erro, e pouco a pouco a réstia de dor, transformando-se todo aquele amor em qualquer coisa esbatida que muitas vezes apenas dá lugar a uma vaga nostalgia que se banaliza nas recordações das pessoas que perdemos.

Odeio, ao ter que seguir em frente matar o amor. Mas sigo.

Comentários

Ana disse…
Dizem que a intensidade do luto é directamente proporcional à intensidade da ligação...demora-se a matar o amor mas ao menos amou-se! :)
Espiral disse…
Sim, isso é verdade =)

O problema é quando as recordações começam a fugir...

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Sobre "a nossa alma a desatar"

Sempre Para Sempre Há amor amigo Amor rebelde Amor antigo Amor da pele Há amor tão longe Amor distante Amor de olhos Amor de amante Há amor de inverno Amor de verão Amor que rouba Como um ladrão Há amor passageiro Amor não amado Amor que aparece Amor descartado Há amor despido Amor ausente Amor de corpo E sangue, bem quente Há amor adulto Amor pensado Amor sem insulto Mas nunca, nunca tocado Há amor secreto De cheiro intenso Amor tao próximo Amor de incenso Há amor que mata Amor que mente Amor que nada, mas nada Te faz contente, me faz contente Há amor tão fraco Amor não assumido Amor de quarto Que faz sentido Há amor eterno Sem nunca, talvez Amor tão certo Que acaba de vez Há amor de certezas Que não trará dor Amor que afinal É amor, Sem amor O amor é tudo, Tudo isto E nada disto Para tanta gente É acabar de maneira igual E recomeçar Um amor diferente Sempre , para sempre Para sempre (Donna Maria) Espiral

Voltei mesmo?

 A minha vida vai dando voltas e voltas e escrever que é parte do que sou desce nas prioridades. Despedi-me e em Maio comecei um novo desafio profissional. Menos estabilidade mas mais valorização e autonomia a vários níveis. Quero ensinar ao meu filho que não pode ter medo de correr atrás do que o pode fazer feliz, mas mais importante, não ficar onde está infeliz, pensado que os ses tem significado. Emocionalmente e profissionalmente. Ser mãe é maravilhoso. O sorriso do meu filho preenche recantos da minha alma que nem sabia que existiam. É uma banalidade, mas conto pelos dedos da mão as vezes que senti isto na vida desta maneira. Agora basta o sorriso dele todos os dias. Tornei-me uma pessoa mais confiante desde que sou mãe. Também mais empática. Melhor não sei. Mas mais focada no que é realmente importante.  Mas no entanto... escrever faz-me falta. Deixar sair o que me vai na alma, nos anos, na memória, na criatividade, no desejo incontrolável de controlar emoções, contraditório eu s