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Azul-marinho

Ela quando entrou no comboio só queria encontrar um lugar sentada para poder pintar as unhas.
Sentou-se no primeiro assento que viu e só depois olhou para o homem à sua frente. Homem de 40 e tais anos e sorriso de miúdo. A segurar uma bóia da barbie e com um conjunto de guizos coloridos de gato ao pescoço. As pessoas que passavam não se sentavam "deixe estar não precisa de tirar as coisas", e franzindo o sobrolho iam-se embora. Ele lá ficava, prestável, com o seu saco na mão. Uma miúda que se sentou à frente dele, levantou-se quando ele lhe perguntou alguma coisa e foi-se embora. Ela continuava a pintar as unhas. Não passa de um botão de volume. Mas em vez de um botão de volume é um botão de "capacidades cognitivas" em que alguém, por descuido, tocou e fez com que baixasse. Talvez se explicasse ás pessoas que não passava de um botão de volume que alguém baixou as pessoas não fizessem aquele ar incomodado. Aquele ar meio assustado, meio deslocado. Mas ela só queria pintar as unhas enquanto o comboio balançava. Algumas pessoas olhavam para ela com ar estranho. Algumas com um sorriso que dizia "isso vai dar merda". E realmente houve uma altura em que sujou o dedo todo. O senhor com o o sorriso de miúdo riu-se. Ela olhou para ele e foi a única que também riu com ele.

Espiral

Comentários

Marisa Góis disse…
Bem bonito :)
Espiral disse…
Obrigada =)
Elle disse…
não gosto. porque só gosto daquilo com que me identifico. por isso, não. Eu disse não gosto? queria dizer, não quero gostar... ou não posso querer...
Espiral disse…
Lud ás vezes és para mim um livro aberto. Outras vezes não. LOL

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Sobre "a nossa alma a desatar"

Sempre Para Sempre Há amor amigo Amor rebelde Amor antigo Amor da pele Há amor tão longe Amor distante Amor de olhos Amor de amante Há amor de inverno Amor de verão Amor que rouba Como um ladrão Há amor passageiro Amor não amado Amor que aparece Amor descartado Há amor despido Amor ausente Amor de corpo E sangue, bem quente Há amor adulto Amor pensado Amor sem insulto Mas nunca, nunca tocado Há amor secreto De cheiro intenso Amor tao próximo Amor de incenso Há amor que mata Amor que mente Amor que nada, mas nada Te faz contente, me faz contente Há amor tão fraco Amor não assumido Amor de quarto Que faz sentido Há amor eterno Sem nunca, talvez Amor tão certo Que acaba de vez Há amor de certezas Que não trará dor Amor que afinal É amor, Sem amor O amor é tudo, Tudo isto E nada disto Para tanta gente É acabar de maneira igual E recomeçar Um amor diferente Sempre , para sempre Para sempre (Donna Maria) Espiral

Voltei mesmo?

 A minha vida vai dando voltas e voltas e escrever que é parte do que sou desce nas prioridades. Despedi-me e em Maio comecei um novo desafio profissional. Menos estabilidade mas mais valorização e autonomia a vários níveis. Quero ensinar ao meu filho que não pode ter medo de correr atrás do que o pode fazer feliz, mas mais importante, não ficar onde está infeliz, pensado que os ses tem significado. Emocionalmente e profissionalmente. Ser mãe é maravilhoso. O sorriso do meu filho preenche recantos da minha alma que nem sabia que existiam. É uma banalidade, mas conto pelos dedos da mão as vezes que senti isto na vida desta maneira. Agora basta o sorriso dele todos os dias. Tornei-me uma pessoa mais confiante desde que sou mãe. Também mais empática. Melhor não sei. Mas mais focada no que é realmente importante.  Mas no entanto... escrever faz-me falta. Deixar sair o que me vai na alma, nos anos, na memória, na criatividade, no desejo incontrolável de controlar emoções, contraditório eu s