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Eu nem sei bem porque escrevo estas coisas

Sempre achei irónicos os desencontros manifestados da adolescência em que "o João gosta da Rita que gosta do Manel que gosta da Joana". Pensava com alívio que isto chegando à idade adulta era tudo com menos graça mas com mais lógica e os encontros eram perfeitos e orientados e com final feliz.. 
Mas se calhar estava enganada. Simplesmente agora o pessoal finge melhor, só se entrega (mesmo em pensamento) depois de ver sinais evidentes de interesse. Agora o pessoal recalca mais e descompensa menos (pensam eles). Range mais os dentes mas sorri mais. "Porque "o João gosta da Rita que gosta do Manel que gosta da Joana" ficou um bocadinho mais complicado e agora "o João que gosta da Rita já tem um filho de outra relação, a Rita que gosta do Manel anda enrolada com o Vítor, o Manel anda demasiado absorvido a ser o maior da terra dele algures no mundo e no fundo no fundo já nem gosta assim tanto da Joana que casou com alguém que nem interessa, mas afinal até gostava do Manel." 
E é tudo mais "who cares" e "há mais peixe no mar" mesmo que no fundo não pensem bem assim. E "que há coisa mais importantes" e o coração é só uma peça no jogo onde outras mandam mais.

Não sei porquê prefiro o desânimo completo, a tristeza profunda, o ridículo de parecer que andamos desarticulados. E não é que andamos mesmo?

É como se tivessem as paredes vazias. Um desperdício. E se as pessoas dissessem mais vezes o que sentem? Sim, e se as pessoas dissessem? (Ou se se comportassem como sentem, às vezes chega). Vale a pena o risco de morrer (de novo).  A possibilidade da alegria profunda que advém desta lotaria se corre bem vale o risco. A possibilidade da tristeza mais real também.


Inspiração musical: Goodbye my lover - James Blunt

Comentários

Pulha Garcia disse…
"E se as pessoas dissessem mais vezes o que sentem?" totalmente de acordo.
Espiral disse…
Pulha,

Eu juro que até compreendo: medo do ridículo, medo de se magoarem, etc...

Um mundo de razões... mas... falando de mim, acho que nunca me senti tão digna e tão orgulhosa de mim própria como quando fui completamente honesta, "a minha alma a nu". Para o mal ou para bem, ao menos o meu mundo avançou.

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Sobre "a nossa alma a desatar"

Sempre Para Sempre Há amor amigo Amor rebelde Amor antigo Amor da pele Há amor tão longe Amor distante Amor de olhos Amor de amante Há amor de inverno Amor de verão Amor que rouba Como um ladrão Há amor passageiro Amor não amado Amor que aparece Amor descartado Há amor despido Amor ausente Amor de corpo E sangue, bem quente Há amor adulto Amor pensado Amor sem insulto Mas nunca, nunca tocado Há amor secreto De cheiro intenso Amor tao próximo Amor de incenso Há amor que mata Amor que mente Amor que nada, mas nada Te faz contente, me faz contente Há amor tão fraco Amor não assumido Amor de quarto Que faz sentido Há amor eterno Sem nunca, talvez Amor tão certo Que acaba de vez Há amor de certezas Que não trará dor Amor que afinal É amor, Sem amor O amor é tudo, Tudo isto E nada disto Para tanta gente É acabar de maneira igual E recomeçar Um amor diferente Sempre , para sempre Para sempre (Donna Maria) Espiral

IMORTALIDADE

 Eu ria-me, sem maldade, mas incrédula. Era tão ingénua, ignorante. Ria-me dos que sofrem através dos tempos e dos espaços. Zombava dos que nas sombras tremem e anseiam, dos que se preocupam, mesmo sem papel, sem drama, sem protagonismo. Há um lado meu que ainda ruge ao ouvir o teu nome, que se sobressalta ao pressentir as tuas angústias, que te quer dar colo na possibilidade de estares triste, zangado ou só.   Por outro lado, sinto o ferro do fracasso e o peso húmido da banalidade nos olhos.  A humilhação do desperdício congelado. Ali, nu, para quem quiser ver. Sinto os meus risos nos ouvidos uma e outra vez. Mesmo que grite, num murmúrio, saber de que nada tenho de me envergonhar. Inspiração: "Tu foste o meu erro mais bonito"